sábado, 31 de janeiro de 2015

Os Beijos têm Vidas?



Os Beijos têm Vidas?

Agora que estou prestes a ir, deparei-me com uma verdade que antes nunca tinha me afrontado:
Os beijos têm vidas!
São espécies de anjos e demônios que nos acompanharam durante as existências.
Nossa senilidade não nos impede de lembrarmos.
Lembrarei com auxílio da trôpega memoria, que se reaviva com o teu perfume, não, perfume, não, o teu inebriante cheiro.
Uma corrente de incontáveis voltes percorreu meu corpo quando a pele de teu lábio, com o toque, dominou minha alma.
Daquele momento percebi que depois de oceanos de tempos que tivemos que percorrer, havíamos nos encontrado.
Um beijo-raio, talvez o raio de Zeus, ligou nossos espíritos.
O que parecia impossível tornou-se realidade. A eletricidade que passou por nossos corpos os magnetizou ao ponto de torná-los verdadeiros buracos negros de onde nem mesmo a luz teria fuga provável. 

Dois abissais buracos negros que procuravam se confundir no espaço universal, não importando para isso a distância ou o tempo.
 Lembras a distância e o tempo que nos distanciamos entre aquelas estações?  Àquele tempo não se comparou nem a um milésimo de segundo com os espaços que tivemos que percorrer à velocidade da luz até nos encontrarmos pelo beijo-raio.
O magnetismo, de maneira improvável, nos uniu novamente.
 E, agora, o beijo desespero nos acompanhou em uma extasiante atração de corpos.
Cheiros a muito esquecidos em vidas pretéritas voltaram a existir.
Toques que tinham sido aprisionados pelo tempo e pela morte foram renascidos.
 O Véu do teu cabelo e que ainda é teu cabelo me envolvia como serpentes, como correntes das sereias mitológicas. Como cabelos que se transformavam em mãos de amazonas que domina selvagemente seu corcel em um galope efusivo. Uma maratona de prazer.
Perdi-me de tal forma no domínio do beijo-desespero que não entendia como este beijo poderia nascer ali, naquele momento e naquele espaço.
 Hoje entendo sua razão de existir.
 Se nascimento residia no medo.
 O medo de nunca mais poder ter tocar, sentir, cheirar.
Não tínhamos certeza de que nossas almas ainda teriam outra oportunidade de um novo encontro. 
Elas cravaram suas unhas umas nas outras ao ponto de suas estruturas serem, momentaneamente, comprometidas.
Suas claridades se confundiram na escuridão.
 Outros espíritos correram para junto de nós a fim de presenciarem tamanha produção de energia.
 Alguns até reviveram velhos sentimentos influenciados pela torrente de emoções que acompanham os rios de nossas almas. 
Mergulharam na corrente e sentiram-se mais uma vez vivos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário