sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Esperando do Mar




Sentado em um banco de uma pequena praça em uma cidade qualquer perdida nos mapas que construíram o coração de nossa história.
Ouço o vento soprar. Sopra como se me mandasse recados de você.
Confundo os recados transportados ao vento com o barulho de sinos que despertam os pássaros que já se agasalhavam para uma noite de descanso.
O inverno chega e com ele um frio paralisante. Sinto tua falta. Sinto tua falta.
O acordes de uma antiga harpa da igreja esquenta ainda mais a fogueira da saudade que consome meus desejos de paz.
Você diz meu nome? Em algum momento teus lábios sopram alguma lembrança minha? Em meio aos teus jogos revive a lembrança de nossos últimos embates?
O vermelho de meus olhos denuncia a tua ausência.
Você sabe.
Você salvou minha alma que naufragava no centro da tormenta.
Puxou-me com leveza tal que julgava estar vivendo um sonho.
Julgava estar visitando vidas passadas.
Às vezes o sonho era tão real que somente tua voz, viajante do vento, resgatava-me deles.
É sério. Você dobra o tempo. E impõe uma paz que não pede licença em me desarmar.
À presença do perigo corro para teus lábios. Mas onde estão eles agora? Não os enxergo. 
O frio que sinto pelas primeiras brisas marinhas que alcançam a praça envelhece  mais um pouco meu corpo.
Anseio teu calor.
O brilho da Dalva rouba minha atenção. Estrelas competem com seu piscar. Percebo que o tempo passou e que os momentos que vivo contigo são eternos. Nunca morrerão. Nunca serão esquecidos.
Estarei cedo no cais do porto.
Sentirei o cheiro de peixe que certamente será descarregado pelos navegantes que agora vejo partir.
Virás com os primeiros raios de sol.
Menos sofro porque saberei que minhas plantas amanhã irão se alegrar com teu calor. Morrerão logo é verdade. Não podem competir com tua beleza.
Levanto-me agora.
Até quando viveremos distante?
O senhor do tempo me responderá.
Tristemente sei que ainda continuarei te esperando mesmo quando o dia expulsar este escuro que se apodera de minha alma.
Vem logo!
Vem neste sopro sibilar!
Depois com sofreguidão te beijarei.
Para sempre te beijarei com todas as partes de meu corpo.